O ambiente onde trabalhamos é continuamente um espaço de crescimento, seja profissional seja pessoal. Afinal é para todos o início de uma vida diferente, independentemente da idade em que ocorra, é sempre um quebrar com a vida (mais ou menos) despreocupada de outrora.
Trabalhamos num ritmo frenético para conseguirmos um lugar ao sol, aos olhos da psicologia analítica, atingirmos esse lugar ao sol é um dos propósitos da primeira metade da vida.
Durante este processo há inevitavelmente momentos de desconforto que, para muitos são momentos prazerosos, para outros são opostamente dolorosos. Observar o comportamento animal do planeta e tirar daí lições deveria ser uma disciplina do currículo escolar básico.
Não será a lagosta uma mestre para lidar com esses desconfortos? A lagosta cresce, mas a sua casca não expande, o que faz com que se sinta desconfortável, sob pressão, até desajustada, demasiado apertada. Mas a natureza da lagosta é brilhante e em vez de atenuar esses sintomas, refugia-se debaixo das pedras onde, protegida dos predadores, se liberta da casca e produz uma nova. Depois desse processo íntimo, dessa viagem ao interior, a lagosta está pronta para um novo ciclo, com mais vitalidade.
Notemos que o desconforto é o estímulo necessário para crescer, sem este a lagosta nunca poderia ser maior. Este processo repete-se várias vezes na vida de uma lagosta. E importa perceber que nesse processo de mudança, a lagosta sente-se vulnerável, a nova casca é ainda macia, necessita de calcificar para se tornar forte.
Os seres humanos e a pressão
E nós, seres humanos, iluminados? Quantos de nós não fazemos esse mergulho às profundezas para um processo de fortificação das nossas competências e habilidades? Quantos de nós não encontramos espaço no local de trabalho, sem perceber que podemos romper com as cascas e produzir novas? Quantos de nós somos gestores de recursos humanos e não facilitamos os mergulhos?
As pessoas não precisam de ser geridas, as pessoas precisam sim de ser provocadas a mudar de cascas, tirar as que já não servem e produzir novas. É um processo em que todos ganham e onde se destacam os gestores de recursos humanos que têm a habilidade de entender os desafios psicológicos de cada indivíduo e consequentemente do colectivo. Um meio organizacional é por excelência uma representação das dinâmicas humanas, um terreno fértil para processos construtivos que possibilitam o crescimento pessoal e profissional, nos dois sentidos. Pois tanto cresce aquele que muda de casca como aquele que ampara a mudança da casca. O feedback construtivo sendo um dos possíveis veículos para estes processos, quando fornecido de forma eficaz, possibilita um conjunto de insights e pode impulsionar o crescimento, promover a autoconsciência e consequentemente melhorar a performance.
Nem sempre o colaborador tem clareza sobre a sua posição actual e posição que conseguirá ocupar, é por isso importante que o feedback seja dado de forma clara, específica e baseado em exemplos e ocorrências reais, em vez de generalizações vagas. Desta forma, será possível ao colaborador atingir uma compreensão maior de si mesmo, das suas forças e fraquezas. É igualmente importante ressaltar que esta comunicação assertiva encoraja o colaborador a assumir responsabilidade pelo seu próprio desenvolvimento, pois sentir-se-á motivado a procurar activamente maneiras de evoluir e crescer.
Em suma, a gestão ou a provocação de recursos humanos é uma viagem de desenvolvimento em que todas as partes assumem especial importância e têm responsabilidade pelo sucesso. À semelhança da vida marinha das lagostas, também na vida profissional existem desafios internos, predadores e facilitadores. Neste oceano, em que papel estás?