Quando olhamos para o Recrutamento e Selecção como um processo e não como uma acção isolada, entendemos a complexidade das suas dinâmicas internas e a necessidade de alinhamento de todos os seus actores. O processo de Recrutamento e Selecção é um conjunto de princípios, procedimentos e de técnicas usadas para atrair os melhores candidatos, em termos de potencial e qualificação, para preencher vagas existentes numa organização. Por esse motivo, é muito importante que o pessoal envolvido nestes processos assimile as melhores práticas.
Os processos de Recrutamento & Selecção servem de portas de entrada para as organizações. E, como tal, é importante que sejam conduzidos de forma a deixar uma boa impressão nos candidatos, independentemente da decisão final de contratação ou não. E, também, é importante que sejam rigorosos o suficiente para filtrar e evitar que comportamentos tóxicos e demais vícios entrem para a organização. Ter uma equipa de alta performance começa com um processo de recrutamento e selecção assertivo, imparcial e abrangente.
O que mudou nos processos de Recrutamento & Selecção?
Já houve uma época em que levavam mais tempo a serem conduzidos, o que facilitava a criatividade e personalização da relação com os candidatos. Em média levava-se 4 semanas para encontrar uma shortlist rica de candidatos e mais uma ou duas para decidir qual o melhor candidato. Actualmente, o cenário mudou. Leva-se uma média máxima, optimista, de 10 dias para encontrarem-se os melhores candidatos.
E, neste novo cenário, é importante recordar que todas as boas práticas a serem adoptadas devem convergir num único princípio: a humanização da relação com o candidato.
Vicente Sitoe, Executive Director | Partner, SDO Moçambique
Por causa da correria para fechar os processos, não podemos esquecer que os candidatos são pessoas e, como tal, têm sonhos, expectativas e necessidades. Sendo a necessidade mais comum em todos eles – receber um feedback.
Da nossa experiência de trabalho de recrutamento e selecção, para efeitos deste artigo, importa partilhar quatro práticas de excelência, nomeadamente:
4 Boas práticas de Recrutamento e Selecção
1. Definição dos perfis
Muito tempo se perde com o retrabalho quando a equipa que conduz os processos de recrutamento e selecção os inicia com informações díspares, soltas e desajustados sobre os perfis. Isto porque ainda existem organizações que não possuem Manuais de Funções ou que não possuem perfis harmonizados à sua estrutura funcional.
Para determinados perfis, mesmo que estejam devidamente harmonizados à organização, é preciso que haja o alinhamento entre a equipa de Recrutamento e as áreas solicitantes, pois costuma haver requisitos, nuances ou necessidades específicas que os gestores possuem e que não estão expressos nos descritivos de função disponíveis. E, se os processos iniciam sem esse alinhamento, o resultado será uma shortlist desajustada ao que se procura. É por isso que nós recomendamos que, antes de colocar a vaga disponível para o público, é preciso que a equipa que fará o processo de Selecção explorar todos os detalhes sobre o perfil.
2. Recurso à tecnologia
Os processos modernos gerem uma grande quantidade de dados. E, com o reduzido tempo para a sua condução, é importante que se recorra à tecnologia. Para uma boa gestão de bases de dados de candidatos, é necessária uma comunicação eficiente e registada com estes. Acima de tudo, há que garantir um feedback atempado e personalizado. Pelo que é indispensável a incorporação das novas tecnologias de informação e comunicação. As ferramentas digitais devem ser trazidas para estes processos como facilitadoras da relação com os candidatos. Ademais, a tecnologia facilita a produção de dados estatísticos sobre os processos de recrutamento numa organização.
3. Aplicação de Testes Psicométricos
Porque estamos num mercado altamente competitivo, precisamos de garantir que trazemos para dentro das organizações, profissionais não apenas tecnicamente competentes, mas que também sejam eficientes e que tenham competências profissionais no relacionamento com colegas, fornecedores e, sobretudo, clientes. É por esse motivo que, como terceira boa prática, recomendamos a aplicação de testes de avaliação comportamental. Porém, é importante certificar-se que são usados testes válidos, licenciados e parametrizados à população moçambicana.
4. Envolvimento de uma entidade externa
O envolvimento de uma entidade externa, especializada e credenciada na condução de processos de Recrutamento e Seleção visa conferir maior imparcialidade e profissionalismo aos próprios processos. Estas entidades externas podem ser envolvidas de forma parcial, quando se recorre a elas para uma determinada parte do processo, por exemplo, para a aplicação de testes psicométricos. Mas elas também podem assumir os processos na sua totalidade, num regime de Business Proccess Outsourcing, reduzindo o investimento que a organização precisa de fazer nos pontos dois e três, para além do aspecto da imparcialidade referida neste ponto.
Apesar destas 4 recomendações parecerem práticas simples e fáceis de implementar, na realidade, cada uma delas representa um enorme desafio em si. Mas são desafios que valem a pena, pois quando o recrutamento e a selecção seguem as boas práticas e contam com o auxílio das ferramentas adequadas, torna-se mais fácil encontrar candidatos ajustados para as vagas. E, com isto, reforça-se a noção de que recrutamentos bem-sucedidos são um bom início para a concretização da missão da organização.